26/02/2018

Educar para a Paz

21/02/2018

O sentido da vida

O SENTIDO DA VIDA - GIOVANE BRISOTTO from JumpCut on Vimeo.

Ouvi uma conversa, em que uma criança estaria proibida de brincar na casinha de brincar. Essa criança teria feito algo de "errado" ou teria tido algum comportamento desadequado. Esta classificação depende sempre, claro, do momento, do adulto nesse momento, da dimensão do problema, da intensidade do poder, da gravidade das consequências...

Existe uma cultura orientada para a punição. Existe uma cultura educativa orientada para o castigo. Também se pode descrever com palavras mais amenas, para aliviar,  como a palavra consequência. Será uma questão de vocabulário. Depende das circunstâncias.

A questão é - qual é o sentido da vida?
O sentido da vida?

De que forma uma educação orientada para a punição se relaciona com o sentido da vida?
E se colocar a questão de outra maneira - O que realmente importa na vida?
Ou se colocar a questão assim - De que forma uma educação orientada para o que realmente importa na vida, se relaciona com o sentido da vida?

Brincar é um direito da criança. Não é retirando o seu espaço de brincadeira que lhe vai dar sentido à vida, nem tão pouco a vai educar para a paz. Vai apenas, mostrar-lhe que, quando alguém se porta menos bem, a solução é punir. 
Observei a raiva da criança. Enquanto as outras crianças brincavam nesse espaço, ela dava voltas desorientadas, procurando qualquer coisa onde se pudesse libertar. As emoções estavam lá. E vão estar todo o dia, e mais "asneiras" vão acontecer.

Podemos comprar um pacote de sessões de "como gerir as emoções". Faz bem. É uma possibilidade. Podemos também, tentar libertar-nos de uma educação baseada na punição. Talvez esta solução seja um sentido para a vida. Talvez seja a solução, para uma vida com sentido. Talvez seja a solução, para mais amor, mais afeto e mais empatia pelas emoções das crianças. É um bom sentido para a vida.
Também é um bom sentido usar palavras amorosas para colocar limites e modelar comportamentos. Sabemos que as crianças imitam os adultos. 

Naquele dia em que ouvi as palavras das crianças, estava sempre a lembrar-me disso. Não conseguia esquecer o olhar daquela criança. Não conseguia esquecer, que as outras crianças que lá estavam, cumpriam aquela punição, não deixando a amiga brincar naquele espaço. Cumpriam as ordens. Qual o sentido da vida?

Li o artigo sobre o falecimento de Giovane De Sena Brisotto, protagonista do documentário "O Sentido da Vida", do realizador Miguel Gonçalves Mendes. O filme retrata Giovane,  na sua viagem de mais de 50 mil quilómetros pelo mundo, por sítios onde a sua doença, possa ter tido incidência.

«O Giovane de Sena Brisotto deixara de sentir os pés, começara já a andar um pouco esquisito, meio esquecendo as pernas, como se houvesse uma hesitação em cada passo. A paramiloidose, descobríamos todos, subia. Ascendia por seu corpo igual a sombra levantada do chão. »Valter Hugo Mãe

De um momento para o outro, perdemos a vida. Convém lembrar que, só temos uma vida e uma infância. E esta é o princípio de tudo.

15/02/2018

Atira tudo para o chão! As 1001 Estratégias dos Pais


Todas as crianças pequenas atiram coisas para o chão. (ponto) Gritam e choram. (ponto)

Portanto, o que temos de fazer? 
a) Vamos dizer que se portam mal;
b) Vamos pensar que estão a fazer de propósito para nos irritar;
c) Vamos acreditar que demos demasiado mimo e agora estão insuportáveis;
d) Vamos procurar estratégias, para nos ajudar nesses momentos.

Resposta d) vamos procurar estratégias.

Esta questão foi colocada, e muito bem, no grupo Viver Montessori. Algumas mães partilharam a forma como lidam com estes momentos. Organizei as ideias e aqui estão as estratégias:

1. A primeira coisa é tentar distrair a mente dessas emoções para outro coisa: em vez de repetir pode ser outra coisa, tentar já viste os pássaros que voaram ali? Ou algo que sabe que gosta
falar com ele, apesar de ele não ter um diálogo comigo. Digo-lhe que assim não compreendo o que se passa e que estou aqui para o ajudar e para o compreender. Muitas vezes isto acalma, por mais estranho que possa parecer ter esta abordagem com um bebé. E o que faço várias vezes também, é chamar a atenção para outra coisa. Ou canto uma música, ou falo de outra coisa qualquer para que ele se desligue dessa situação que o está a deixar frustrado e acaba por passar.

2. Converso com muita calma mostro outras coisas que possam despertar interesse, é preciso ter paciência, estão crescer... é um processo de maturidade que está a desenvolver... ponho em palavras a dificuldade que ele está a ter. "Não estás a conseguir encaixar esta peça" depois o sentimento "estás a ficar frustrado com isso" e depois pergunto se quer tentar outra vez ou se quer a minha ajuda. Quando não quer tentar outra vez ou não quer que eu ajude, sugiro outra coisa.

3. Coloco-me à altura dele, dou abraços, valido o que está a sentir, explico-lhe tudo. Uma estratégia que tem funcionado muito bem é dizer: "ouve-me". Ele pára de chorar e realmente ouve-me. Tivemos uma fase assim há algumas semanas atrás. Coincidência ou não, acontece sempre antes de um período mais sensível de desenvolvimento. Eu sei que te custa mas breve breve vais ultrapassar. Eu estou aqui caso queiras ajuda. E pergunto directo: queres que a mama ajude? Às vezes diz sim outras diz não e continua a frustração. E eu volto a repetir: estou aqui se precisares. 

4.Uso estratégias diferentes para situações diferentes, com as frustrações com brinquedos/materiais normalmente tento entrar na brincadeira dele e ajudá-lo, se ele permitir, ou seja, se se acalmar (tenho dúvidas se esta solução vai ao encontro de Montessori, mas resulta e por vezes até ele conseguir superar o desafio acaba por ser ele a ir buscar esse mesmo brinquedo durante alguns dias seguidos para brincarmos juntos, depois esquece esse brinquedo e passado algum tempo já o consegue sozinho). Quando são inseguranças em relação a espaços novos ou pessoas aí sim é colo e aconchego e tempo para que se adapte. Noutras situações já começa a funcionar a conversa com calma...

5. O meu filho, descobri agora, que se acalma quase instantaneamente com um colar de contas. Reforço positivo também costuma ajudar, explicando que quando ficamos irritados e frustrados devemos fazer uma pausa e depois retomamos e tentamos até conseguirmos. Quanto ao irritar-se por não fazerem o que ela quer, depende, e aqui vale muito a negociação. 

6. A minha estratégia era aguardar com silêncio e juntar-me a ela. Ficava assim uns minutinhos. Resultava na maioria das vezes. Em situações mais "nervosas" ouvia... não fui muito de intervir com explicações, até porque às vezes tinha dificuldade em descodificar a mensagem dela. Mas acredito que o estar ali, não fazer mais ruído, resultava. Por vezes se são situações repetidas, talvez se consiga encontrar o padrão e aí antever a frustração.


As crianças atiram. Seguir um modelo de parentalidade respeitador como Montessori, não é um seguro de eliminação dos comportamentos "menos bons" da criança. Seguir este modelo é um seguro pessoal, que nos permite compreender melhor o comportamento da criança e saber responder melhor às suas necessidades.

As reacções infantis representam um estado inconsciente de defesa da criança, cuja inteligência não consegue determinar a verdadeira causa, nas suas relações com o adulto. Maria Montessori, The Secret of childhood

Quando é que as crianças deixam de atirar para o chão? 
a) quando lhes apetece;
b) quando querem receber um presente;
c) quando a sua linguagem brota e são capazes de comunicar com palavras.

Resposta c) quando a sua linguagem brota e são capazes de comunicar com palavras.

Até lá, temos de esperar. Calma e paciência são testadas ao limite. Mas é só isso. Não vieram ao mundo para nos irritar. As crianças vieram ao mundo para ser os nossos mestres. 
A criança que atira para o chão está a usar um meio de comunicação, a sua forma de expressão. É difícil entender o que quer dizer, afinal aquele brinquedo é tão giro, a comida está tão deliciosa, o prato acabou de ser colocado na mesa...
Se nesses momentos gritamos, ameaçamos, etc, o que também lhes estamos a comunicar? Que também não sabemos comunicar.  Quando alguém nos grita, o que pensamos dessa pessoa? (não digam, sintam). É isto. Senso comum.

Os caprichos e as desobediências da criança são os expoentes de um conflito vital entre o impulso criador e o amor pelo adulto, que a não compreende. Maria Montessori, The Secret of childhood

Outras dicas (das ideias que vou trocando com  mães, durante as conversas):
  • Ter espaços com objectos que possam atirar à vontade, para esses momentos mais (im)previsíveis;
  • Rodar mais vezes os brinquedos, para manter as crianças mais interessadas;
  • Colocar poucos brinquedos, para não gerar stress;
  • Oferecer brinquedos adequados às necessidades da faixa etária;
  • Na hora da refeição, observar qual a posição que se sente mais confortável para comer. Estar preso na cadeira pode ser um fator de irritação;
  • A natureza/o exterior/o parque é sempre uma boa solução ( a minha estratégia preferida);
  • Observar muito (outra estratégia preferida).
Atirar também é uma forma de exploração do ambiente. Daí a necessidade de criar um ambiente preparado. Tudo ajuda. 
Há também a descoberta da causa-efeito. Ao atirar a criança pode estar a explorar o som ou o efeito do objecto a cair, ou pode estar a observar as reacções das pessoas em seu redor.
Uma das manifestações infantis, a mais saliente, aquela que parece devida a um talismã mágico, que abre as portas para a expansão do carácter normal, é a atividade concentrada num trabalho e exercitando-se sobre um objeto exterior com movimentos das mãos, guiados pela inteligência. A Criança, Maria Montessori
Ideias de mães para mães. Partilhas que podem ajudar. Não há especialistas aqui. Quais são as tuas estratégias, escreve nos comentários. Grata

06/02/2018

Sobre o AMOR (qual?)


O dia de S. Valentim é um bom momento para falarmos sobre o amor. Há um certo clima no ar - mais flores, mais corações, mais mensagens... 
Vou aproveitar esta ocasião simbólica para falar mais de amor, com as amigas, com as vizinhas... mas sobre uma questão em particular - a intimidade emocional e o controlo do erro.

Há uma característica muito importante nos materiais criados por M. Montessori, que é o controlo do erro. Esta característica incorporada nos materiais, liberta o adulto e a criança de uma relação de avaliação. O adulto liberta-se de ter de comentar, de corrigir, de avaliar e de julgar a criança. Esta, por sua vez, tem a resposta que precisa para atingir a sua perfeição e compreender por si própria o erro, na medida que a sua própria maturidade avança.
Nesta libertação mútua, sai um peso enorme das costas do adulto e sai o medo de errar por parte da criança. E o amor acontece. Aquele amor do respeito pelo ritmo da criança, aquele amor da observação da conquista, aquele amor pela evolução, aquele amor pela concentração, aquele amor pela relação de ambos.
A cumplicidade que se gera nesse momento, cria intimidade emocional. Estabelece-se o vínculo, a presença, a disponibilidade, a segurança, a aceitação.

Como escreve Yvonne Taborda, no seu livro Dar Voz al niño, a intimidade emocional é vital para que as  crianças nos procurem  e nos contem o que mais as preocupa, as assusta, as aborrece, as inquieta, e quais são os seus interesses e o que as apaixona. 
Criar intimidade emocional com as nossas crianças, traz mais e melhor amor.

Algo que nos pode ajudar, nesta missão de viver o amor é criar juntos.  Aqui tens uns corações muito giros e fáceis de fazer. 

Fiz um novo encaixe, para os encaixes metálicos. Acho que faltava lá um coração! Na falta de madeira ou de algo já feito, cortei a forma em espuma-eva de 5mm de espessura. Vai ser a surpresa do dia 14! 💚💛💜

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